Nunca gostei de auto definições. Alguém que se auto define parece ser tão seguro de seu conhecimento de si próprio, que chega a ser monótono, sem a beleza do mistério. Não gosto da monotonia do conhecimento pleno, que de fato nem existe.
Eu não me defino. Digo ser, para todos os efeitos, o que julgo que sou. Não, eu não sou nunca fui, eu estou. Sempre estou. Sou de momentos, nunca uma constância. Deixo as constantes para as matemáticas secas, não humanas. Sou humano na mais plena fatalidade de sua equilibrada inconstância úmida, viva.
É tudo uma questão de máscaras. A vida é um grande baile (de máscaras). Os convidados a celebrar se vestem, se figuram e se projetam de acordo com o que querem ser de acordo com o que acham correto ser. Tudo é uma grande figuração. As máscaras fazem dos convidados apenas figurantes. As máscaras escondem. As máscaras possuem vida, são simbiônticas.
Cada um escolhe a sua máscara. Alguns a criam. Quem escolhe não tem consciência de que escolheu, se auto definem. Escolhem uma coisa já moldada, legitimada e aceita; são monótonos. Quem cria sabe que está criando. Quem cria vive a originalidade que a vida deve ser. Quem cria celebra a festa. É um criar sem fim. É nunca ter uma forma definida. Criar é de momentos, é saber se adaptar. Criar é ser a máscara disforme, porém moldável. É ter o controle do que se é se for possível ser, e não estar. Eu crio minha máscara.
sábado, 29 de março de 2008
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