"Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chance de fazer aquilo que quer.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.
As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas.Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.
A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas."
Clarice Lispector
quinta-feira, 24 de abril de 2008
Reverência ao destino
Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião. Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.
Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias.
Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.
Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir.
Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso.
E com confiança no que diz.
Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação.
Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer. Ou ter coragem pra fazer.
Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado. Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende.
E é assim que perdemos pessoas especiais.
Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar. Difícil é mentir para o nosso coração. Fácil é ver o que queremos enxergar. Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto. Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.
Fácil é dizer "oi" ou "como vai?" Difícil é dizer "adeus". Principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...
Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados. Difícil é sentir a energia que é transmitida. Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.
Fácil é querer ser amado. Difícil é amar completamente só. Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar. E aprender a dar valor somente a quem te ama.
Fácil é ouvir a música que toca. Difícil é ouvir a sua consciência. Acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.
Fácil é ditar regras. Difícil é seguí-las. Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros. Fácil é perguntar o que deseja saber.
Difícil é estar preparado para escutar esta resposta. Ou querer entender a resposta.
Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade. Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.
Fácil é dar um beijo. Difícil é entregar a alma. Sinceramente, por inteiro.
Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida. Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.
Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica. Difícil é ocupar o coração de alguém. Saber que se é realmente amado.
Fácil é sonhar todas as noites. Difícil é lutar por um sonho.
Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.'
(Carlos Drummond de Andrade)
Me faltam palavras, então fico com as de Drummond. Obrigado Drummond.
Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias.
Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.
Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir.
Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso.
E com confiança no que diz.
Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação.
Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer. Ou ter coragem pra fazer.
Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado. Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende.
E é assim que perdemos pessoas especiais.
Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar. Difícil é mentir para o nosso coração. Fácil é ver o que queremos enxergar. Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto. Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.
Fácil é dizer "oi" ou "como vai?" Difícil é dizer "adeus". Principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...
Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados. Difícil é sentir a energia que é transmitida. Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.
Fácil é querer ser amado. Difícil é amar completamente só. Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar. E aprender a dar valor somente a quem te ama.
Fácil é ouvir a música que toca. Difícil é ouvir a sua consciência. Acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.
Fácil é ditar regras. Difícil é seguí-las. Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros. Fácil é perguntar o que deseja saber.
Difícil é estar preparado para escutar esta resposta. Ou querer entender a resposta.
Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade. Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.
Fácil é dar um beijo. Difícil é entregar a alma. Sinceramente, por inteiro.
Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida. Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.
Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica. Difícil é ocupar o coração de alguém. Saber que se é realmente amado.
Fácil é sonhar todas as noites. Difícil é lutar por um sonho.
Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.'
(Carlos Drummond de Andrade)
Me faltam palavras, então fico com as de Drummond. Obrigado Drummond.
terça-feira, 22 de abril de 2008
Augusto Cury
"Sábio não é a pessoa que não erra, não se frusta e nem sofre perdas, mas é aquela que aprende a usar suas dificuldades como alicerce da sua sabedoria."
sexta-feira, 18 de abril de 2008
Just like these
"Depois de toda luta e cada descanso, quero me levantar forte e pronto, como um cavalo novo."
Cordão umbilical
Hoje so tenho a dizer que o cordão umbilical pode matar. Queria dizer aos desavizados que isso pode acontecer sim, tal qual uma forca, ele pode matar.
Portanto cortem o mais prontamente possivel, quanto antes melhor. Quanto mais tardar a desvinculação mais o corte sangrará.Mas antes o sangue de algo inútil jorrando, do que uma vida perdida.
O cordão umbilical é sim muito importante, mas não se pode deixar de cortá-lo.
Portanto cortem o mais prontamente possivel, quanto antes melhor. Quanto mais tardar a desvinculação mais o corte sangrará.Mas antes o sangue de algo inútil jorrando, do que uma vida perdida.
O cordão umbilical é sim muito importante, mas não se pode deixar de cortá-lo.
quinta-feira, 17 de abril de 2008
Toujour
Hoje acordei com uma sensação tão simples e plena que não sei compreender o que é. Senti-me leve, como se não houvesse problemas, como se tudo o que quero já me pertencesse. Poderia dizer que acordei feliz, mas o que sinto é mais simples do que a felicidade. É maior do que ela. É algo tão meu e independente de todo o resto que não poderia ser felicidade. Ela é complexa e depende de vários fatores externos. Não era o que eu sentia.
A sensação de que tudo estava realizado era um disfarce, uma positivação da vida. O que eu queria era a realização. Então se é para definir, defino como esperança. A esperança é o querer sem medo, é quando o desejo não teme o não, pois para a esperança ele não existe, ou caso seja uma possibilidade é muito remota. O não para a esperança é tão irrelevante quanto um clichê, tal qual dizer que é um grão de areia no deserto...
A sensação de que tudo estava realizado era um disfarce, uma positivação da vida. O que eu queria era a realização. Então se é para definir, defino como esperança. A esperança é o querer sem medo, é quando o desejo não teme o não, pois para a esperança ele não existe, ou caso seja uma possibilidade é muito remota. O não para a esperança é tão irrelevante quanto um clichê, tal qual dizer que é um grão de areia no deserto...
Fotobiografia de Clarice Lispector é lançada em São Paulo
"Uma fotobiografia da escritora Clarice Lispector (1920 - 1977), organizada pela professora Nádia Batella Gotlib, foi lançada na noite desta última terça-feira (15) em São Paulo. O livro é composto por cerca de 800 imagens da vida da escritora, distribuídas em ordem cronológica, além de manuscritos."
Se tem uma pessoa que eu adoraria ter conhecido é Clarisse Lispector, acho que nos identificariamos muito, pelo menos me identifico com o jeito dela de escrever.
Um beijo possiveis leitores.
Se tem uma pessoa que eu adoraria ter conhecido é Clarisse Lispector, acho que nos identificariamos muito, pelo menos me identifico com o jeito dela de escrever.
Um beijo possiveis leitores.
domingo, 13 de abril de 2008
Catedral
O deserto
Que atravessei
Ninguém me viu passar
Estranha e só
Nem pude ver
Que o céu é maior
Tentei dizer mas vi você
Tão longe de chegar
Mas perto de algum lugar
É deserto
Onde eu te encontrei
Você me viu passar
Correndo só
Nem pude ver
Que o tempo é maior
Olhei pra mim
Me vi assim
Tão perto de chegar
Onde você não está
No silêncio uma catedral
Um templo em mim
Onde eu possa ser imortal
Mas vai existir
Eu sei
Vai ter que existir
Vai resistir nosso lugar
Solidão
Quem pode evitar
Te encontro enfim
Meu coração é secular
Sonha e deságua
Dentro de mim
Amanhã devagar
Me diz
Como voltar
Se eu disser
Que foi por amor
Não vou mentir pra mim
Se eu disser
Deixa pra depois
Não foi sempre assim
Tentei dizer
Mas vi você
Tão longe de chegar
Mas perto de algum lugar...
Bom, é algo parecido.
Que atravessei
Ninguém me viu passar
Estranha e só
Nem pude ver
Que o céu é maior
Tentei dizer mas vi você
Tão longe de chegar
Mas perto de algum lugar
É deserto
Onde eu te encontrei
Você me viu passar
Correndo só
Nem pude ver
Que o tempo é maior
Olhei pra mim
Me vi assim
Tão perto de chegar
Onde você não está
No silêncio uma catedral
Um templo em mim
Onde eu possa ser imortal
Mas vai existir
Eu sei
Vai ter que existir
Vai resistir nosso lugar
Solidão
Quem pode evitar
Te encontro enfim
Meu coração é secular
Sonha e deságua
Dentro de mim
Amanhã devagar
Me diz
Como voltar
Se eu disser
Que foi por amor
Não vou mentir pra mim
Se eu disser
Deixa pra depois
Não foi sempre assim
Tentei dizer
Mas vi você
Tão longe de chegar
Mas perto de algum lugar...
Bom, é algo parecido.
sábado, 12 de abril de 2008
É isso ai Clarisse.
"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento."
Clarisse Lispector.
Clarisse Lispector.
Do alto da torre
Ela olhava da janela de sua torre. Pequena princesa, menina criança. Sonhava ao luar com fadas, gnomos, e outras criaturas mágicas. Menina rainha, soberana de sua torre de ametista.
Via o horizonte sem fim. O que viria de além da vista, um unicórnio, um dragão assustador, o príncipe encantado em seu cavalo branco para resgatá-la, para salva-la? Só ela sabia o que viria. “Não meu príncipe, não preciso ser salva, estou segura em minha torre mágica”.
Uma criança cheia de sonhos e fantasia. Apenas uma criança em sua torre de ametista.
Em uma noite de luar, a pequena princesa se pôs à janela a sonhar. Admirava a imensidão do grande astro noturno, que clareava a escuridão propensa deixando-a tão clara que parecia dia, um dia etéreo. Caiu em devaneio, em sonho.
De além do horizonte vinha um anjo ao seu encontro. Ela não sabia qual era a expressão na face do celeste ser alado. Anjos são inexpressivos. Seres bondosos, de amor intenso e não humano. Amor divino, diferente do sentimento que denominamos como amor. Amor inexpressivo e imparcial.
Um vulto negro puxou a princesa para dentro da torre. Uma dor na escuridão machucava seu delicado pescoço de criança. Sentia o desespero tomar conta de seu corpo, não compreendia o porquê do ato. Sentia-se traída, enganada, posta em risco por sua própria fortaleza, sufocada pelo ar de seu próprio bosque encantado.
Ela então viu se no espaço vazio. O vento soprando em sua face parecia abraçá-la, tentava agarrá-la, queria sua salvação. Foi quando então a princesa viu que estava caindo de sua torre. Precisava voar.
Fechou os olhos e abriu os braços, iria voar.
Sentiu um baque forte em seu corpo infantil. A dor não era para ela naquele momento.
E veio o vento. Abriu os olhos. Estava voando. Agora conseguia ver além do horizonte, não olharia para trás. Percebeu que estava sendo carregada. Era o anjo; ele a abraçava. E ela sem dor sem medo sem rancor, partiu.
Voe em paz menina princesa que não conheci, mas da qual me tornei tão íntimo. Adeus.
Via o horizonte sem fim. O que viria de além da vista, um unicórnio, um dragão assustador, o príncipe encantado em seu cavalo branco para resgatá-la, para salva-la? Só ela sabia o que viria. “Não meu príncipe, não preciso ser salva, estou segura em minha torre mágica”.
Uma criança cheia de sonhos e fantasia. Apenas uma criança em sua torre de ametista.
Em uma noite de luar, a pequena princesa se pôs à janela a sonhar. Admirava a imensidão do grande astro noturno, que clareava a escuridão propensa deixando-a tão clara que parecia dia, um dia etéreo. Caiu em devaneio, em sonho.
De além do horizonte vinha um anjo ao seu encontro. Ela não sabia qual era a expressão na face do celeste ser alado. Anjos são inexpressivos. Seres bondosos, de amor intenso e não humano. Amor divino, diferente do sentimento que denominamos como amor. Amor inexpressivo e imparcial.
Um vulto negro puxou a princesa para dentro da torre. Uma dor na escuridão machucava seu delicado pescoço de criança. Sentia o desespero tomar conta de seu corpo, não compreendia o porquê do ato. Sentia-se traída, enganada, posta em risco por sua própria fortaleza, sufocada pelo ar de seu próprio bosque encantado.
Ela então viu se no espaço vazio. O vento soprando em sua face parecia abraçá-la, tentava agarrá-la, queria sua salvação. Foi quando então a princesa viu que estava caindo de sua torre. Precisava voar.
Fechou os olhos e abriu os braços, iria voar.
Sentiu um baque forte em seu corpo infantil. A dor não era para ela naquele momento.
E veio o vento. Abriu os olhos. Estava voando. Agora conseguia ver além do horizonte, não olharia para trás. Percebeu que estava sendo carregada. Era o anjo; ele a abraçava. E ela sem dor sem medo sem rancor, partiu.
Voe em paz menina princesa que não conheci, mas da qual me tornei tão íntimo. Adeus.
sexta-feira, 11 de abril de 2008
Frozen-----Madonna
You only see what your eyes want to see
How can life be what you want it to be
You're frozen when your heart's not open
You're so consumed with how much you get
You waste your time with hate and regret
You're broken when your heart's not open
Mmm-mm-mm... If I could melt your heart
Mmm-mm-mm... We'd never be apart
Mmm-mm-mm... Give yourself to me
Mmm-mm-mm... You hold the key
Now there's no point in placing the blame
And you should know I suffer the same
If I lose you, my heart would be broken
Love is a bird, she needs to fly
Let all the hurt inside of you die
You're frozen when your heart's not open
You only see what your eyes want to see
How can life be what you want it to be
You're frozen when your heart's not open
If I could melt your heart
E que ninguém se feche para a vida por nada no mundo.
How can life be what you want it to be
You're frozen when your heart's not open
You're so consumed with how much you get
You waste your time with hate and regret
You're broken when your heart's not open
Mmm-mm-mm... If I could melt your heart
Mmm-mm-mm... We'd never be apart
Mmm-mm-mm... Give yourself to me
Mmm-mm-mm... You hold the key
Now there's no point in placing the blame
And you should know I suffer the same
If I lose you, my heart would be broken
Love is a bird, she needs to fly
Let all the hurt inside of you die
You're frozen when your heart's not open
You only see what your eyes want to see
How can life be what you want it to be
You're frozen when your heart's not open
If I could melt your heart
E que ninguém se feche para a vida por nada no mundo.
quinta-feira, 10 de abril de 2008
O Livro
O Livro
Em uma estante na sala de um antigo casarão havia um livro. Ele sempre estivera ali, sempre fizera parte da coleção. Parecia ter sido planejado para ocupar aquele lugar. Sim, ele fora planejado.
O Livro aparentemente integrado ao meio, possuía um detalhe que o impedia de estar deveras integrado, ele estava trancado. Parecia um diário secreto, selado. Seu conteúdo era desconhecido. Era um livro que não se importava de ser julgado por sua capa. Ainda bem que só a capa bastava para julgamentos. Para muitos, um rótulo, uma capa, uma definição superficial é injustiça, para O Livro a superficialidade era seu refúgio, sua defesa.
Os anos foram se passando e O Livro cada vez mais se acomodava em sua estante. A comodidade de seu refúgio o tranqüilizava. Seu silêncio o mantivera seguro de curiosos que quisessem ler seu conteúdo secreto. Para os habitantes do casarão O Livro era apenas um livro trancado; eles preferiam vê-lo desta forma, um tipo de segredo que não é secreto, um segredo que não existe de fato, pois está trancado.
Porém, com o acúmulo dos anos da antiga casa, aumentava também o silêncio do livro. Seu silêncio começava a incomodar. Seu silêncio não incomodava pela ausência de palavras, mas sim pelo excesso de significado. O som do segredo do Livro era seu silêncio. Um silêncio profundo, ao mesmo tempo em que grave também agudo. Seu silêncio era a ressonância de sua voz muda, secreta.
Certo dia um estranho entrou no antigo palacete; e como quem procura sem interesse pelo que vai encontrar (talvez por não saber pelo que procura, e não saber se iria encontrar) encontrou O Livro. Ele o analisou desconfiado, não sabia se era seguro. Achou que deveria ir embora. É melhor ir embora, pensou. Deu as costas para a estante; iria embora. Foi se afastando... De repente ouviu uma voz muda o chamando. Ele ouviu um som que não fora pronunciado. O som do livro? Não, livros não emitem sons voluntariamente. Era o som do instinto, o som de seu desejo.
Olhou, pensou, analisou. E com a minunciosidade de um cientista decidiu estudar os detalhes do livro. Era jovem, havia em sua capa uma data recente. Mas era rústico, capa grossa. Poderia julgá-lo como algo de séculos. Um jovem livro marcado pela ação oxidante de seu silêncio ao longo de séculos. Notou que havia um cadeado. E agora?! Lembrou se de que carregava consigo algo que não sabia de onde veio nem quando surgiu, só sabia que sempre estivera com: a chave.
Colocou a mão no bolso e a pegou. Iria destrancar o cadeado... Ou não? Se justificou: mera curiosidade cientifica. A ciência era seu álibi; ele precisava de um álibi. Abriu, leu algumas páginas. Fechou. Trancou. Colocou O Livro sobre a mesa, deixou a chave e se foi.
O Livro e a chave ficaram lá, perdidos na imensidão da mesa plana. O Livro, uma indefinição. Eu poderia dizer o que ele sentia, mas livros não sentem. Os moradores viram a imagem: O Livro a mesa e a chave. Decidiram por fim no mistério. Abriram-no, leram, releram e viram tudo, menos o que queriam ver. Tudo o que viram eram folhas em branco, uma grande decepção. Tentaram escrever no livro, mas era impossível escrever em suas páginas.
Os donos do casarão chocados e ate desapontados, resolveram que aceitariam O Livro agora sem mistério, mesmo sua verdade sendo dolorida. Eles não conseguiam ler, eles não compreendiam, então aceitaram.
As paginas vindas estão em branco, mesmo para aqueles que compreendem. O que será escrito nelas eu não sei. Só sei que desde que foi destrancado O Livro ganhou título e estilo. E sei que nele alguma história, mesmo que secreta, será escrita sem restrição a um final feliz.
Em uma estante na sala de um antigo casarão havia um livro. Ele sempre estivera ali, sempre fizera parte da coleção. Parecia ter sido planejado para ocupar aquele lugar. Sim, ele fora planejado.
O Livro aparentemente integrado ao meio, possuía um detalhe que o impedia de estar deveras integrado, ele estava trancado. Parecia um diário secreto, selado. Seu conteúdo era desconhecido. Era um livro que não se importava de ser julgado por sua capa. Ainda bem que só a capa bastava para julgamentos. Para muitos, um rótulo, uma capa, uma definição superficial é injustiça, para O Livro a superficialidade era seu refúgio, sua defesa.
Os anos foram se passando e O Livro cada vez mais se acomodava em sua estante. A comodidade de seu refúgio o tranqüilizava. Seu silêncio o mantivera seguro de curiosos que quisessem ler seu conteúdo secreto. Para os habitantes do casarão O Livro era apenas um livro trancado; eles preferiam vê-lo desta forma, um tipo de segredo que não é secreto, um segredo que não existe de fato, pois está trancado.
Porém, com o acúmulo dos anos da antiga casa, aumentava também o silêncio do livro. Seu silêncio começava a incomodar. Seu silêncio não incomodava pela ausência de palavras, mas sim pelo excesso de significado. O som do segredo do Livro era seu silêncio. Um silêncio profundo, ao mesmo tempo em que grave também agudo. Seu silêncio era a ressonância de sua voz muda, secreta.
Certo dia um estranho entrou no antigo palacete; e como quem procura sem interesse pelo que vai encontrar (talvez por não saber pelo que procura, e não saber se iria encontrar) encontrou O Livro. Ele o analisou desconfiado, não sabia se era seguro. Achou que deveria ir embora. É melhor ir embora, pensou. Deu as costas para a estante; iria embora. Foi se afastando... De repente ouviu uma voz muda o chamando. Ele ouviu um som que não fora pronunciado. O som do livro? Não, livros não emitem sons voluntariamente. Era o som do instinto, o som de seu desejo.
Olhou, pensou, analisou. E com a minunciosidade de um cientista decidiu estudar os detalhes do livro. Era jovem, havia em sua capa uma data recente. Mas era rústico, capa grossa. Poderia julgá-lo como algo de séculos. Um jovem livro marcado pela ação oxidante de seu silêncio ao longo de séculos. Notou que havia um cadeado. E agora?! Lembrou se de que carregava consigo algo que não sabia de onde veio nem quando surgiu, só sabia que sempre estivera com: a chave.
Colocou a mão no bolso e a pegou. Iria destrancar o cadeado... Ou não? Se justificou: mera curiosidade cientifica. A ciência era seu álibi; ele precisava de um álibi. Abriu, leu algumas páginas. Fechou. Trancou. Colocou O Livro sobre a mesa, deixou a chave e se foi.
O Livro e a chave ficaram lá, perdidos na imensidão da mesa plana. O Livro, uma indefinição. Eu poderia dizer o que ele sentia, mas livros não sentem. Os moradores viram a imagem: O Livro a mesa e a chave. Decidiram por fim no mistério. Abriram-no, leram, releram e viram tudo, menos o que queriam ver. Tudo o que viram eram folhas em branco, uma grande decepção. Tentaram escrever no livro, mas era impossível escrever em suas páginas.
Os donos do casarão chocados e ate desapontados, resolveram que aceitariam O Livro agora sem mistério, mesmo sua verdade sendo dolorida. Eles não conseguiam ler, eles não compreendiam, então aceitaram.
As paginas vindas estão em branco, mesmo para aqueles que compreendem. O que será escrito nelas eu não sei. Só sei que desde que foi destrancado O Livro ganhou título e estilo. E sei que nele alguma história, mesmo que secreta, será escrita sem restrição a um final feliz.
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